terça-feira, 23 de março de 2010

SIMPLESMENTE LINDO!

Ontem fui dormir aos prantos! E hoje fui trabalhar de cara inchada! É que como fui deitar um pouco mais cedo que de costume, resolvi fazer uma coisa que há muito vinha adiando: terminar de ler "Marley & Eu". Como eu já imaginava qual seria o final do Marley e o efeito que isso produziria em mim, vinha me enrolando há alguns dias, falando pra mim mesma: "Não! Você já tá deitando tarde, se ainda for ler vai dormir mais tarde ainda e amanhã não vai conseguir acordar!" e ia na minha própria conversa todo dia. 
Os cachorros não vivem para sempre e tembém não tem a mesma longevidade de nós, "humanos". Então é natural que os cães morram antes que seus donos e deixem toda uma família inconsolável com a perda de um "simples" cachorro. E com o Marley não foi diferente, eu sabia que não seria, e era exatamente por isso que eu evitava o final daquele livro horroroso! (Mentira! O livro é ótimo! Mas tem que gostar de cachorro, ou ao menos ser simpático à causa, senão vai achar horroroso mesmo! E eu só falei livro horroroso porque era disso que eu xingava ele ontem à noite em cada rompante de emoção que eu tinha.) 
Mas apesar de saber o final da história, meu Deus do céu, eu nunca imaginei que choraria tanto! Aliás, sério mesmo, acho que nunca chorei tanto em minha vida! Sério! Achei que fosse morrer de tanta dor que eu senti com o processo de partida do Marley. 
E foi uma dor quase física! Nossa! Senti cada emoçãozinha que o John Grogan e a família dele sentiram e sofri com cada sintoma da velhice do Marley que se apresentava e agravava à medida que o livro ia se aproximando do final. Lembrei da Pietra, de como foi terrível me despedir dela, de deixar ela entrar naquele carro achando que tava indo tomar banho, como fizera tantas vezes, quando na verdade tava indo era se encontrar com o Papai do céu! E olha que ela nem era minha, héim? Era do meu pai... Mas, nossa, todo mundo sofreu demais da conta aquele dia! E que decisão difícil de se tomar, credo! O egoísmo tentando falar mais alto de tudo quanto é jeito enquanto a gente vê aquele velho amigo definhar ali bem debaixo do nosso nariz... Aff! Só vivendo mesmo pra saber, embora seja uma coisa que eu não desejo pra ninguém! Mas apesar de toda a dor, foi exatamente o final do livro que me fez gostar dele. Porque até então eu não tava vendo muito a que aquele livro tinha vindo, nem entendendo como ou porque ele chegou a ser o mais vendido no Brasil e no mundo. Mas o final me fez entender tudo! E eu me emocionei muito lendo ele falar de como aprendemos com os cachorros, quando, do alto da nossa suposta supremacia, achamos ser o extremo oposto; de como um cachorro mostra aos seres "humanos" o que realmente importa nessa vida! E agora me vejo obrigada a transcrever um pequeno trecho, de quando o John escrevia sua coluna de despedida para o Marley.

"O que eu realmente queria contar era como este animal tocara nossas almas e nos ensinara algumas das lições mais importantes de nossas vidas. 'Uma pessoa pode aprender muito com um cão, mesmo com um cão maluco como o nosso', escrevi. 'Marley me ensinou a viver cada dia com alegria e exuberância desenfreadas, aproveitar cada momento e seguir o que diz o coração. Ele me ensinou a apreciar coisas simples - um passeio pelo bosque, uma neve recém caída, uma soneca sob o sol de inverno. E enquanto envelhecia e adoecia, ensinou-me a manter o otimismo diante da adversidade. Principalmente, ele me ensinou sobre a amizade e o altruísmo e, acima de tudo, sobre lealdade incondicional'.

Era um conceito interessante que só então, após a morte dele, eu compreendia inteiramente. Marley como mentor. Como professor e exemplo. Seria possível que um cachorro - qualquer cachorro, mas principalmente um absolutamente incontrolável e maluco como o nosso - pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente importa nessa vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada pra ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. Enquanto eu escrevia a coluna de despedida para Marley, descobri que tudo estava bem à nossa frente, se apenas pudéssemos ver. Às vezes, era preciso um cachorro com mau hálito, péssimos modos e intenções puras para nos ajudar a ver" (Marley & Eu - páginas 291 e 292)

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