Minha mãe contava a história de uma moça chinesa chamada Jing. Logo que se casou, ela passou a morar com o marido na casa da sogra. Passado um certo tempo as duas começaram a não se entenderem e, à medida que o tempo passava, o relacionamento entre sogra e nora se complicava. Jing sentia-se infeliz com aquela convivência desgastante. Percebia ser o alvo de críticas e à cada dia notava que o temperamento de ambas não combinava. Conforme a tradição na China, a nora deveria submeter-se aos caprichos da sogra, fato com que Jing não concordava.

Após alguns anos de casamento a convivência entre as duas se complicava cada vez mais e Jing vendo que não conseguia agüentar resolveu tomar uma atitude: foi procurar um feiticeiro e pediu um veneno para fazê-la tomar para que, finalmente, a libertasse da influência da sogra. 

O feiticeiro ouviu pacientemente as reclamações da jovem Jing, e, finalmente, cedeu a ela um pacote de ervas com a seguinte recomendação: “você não pode administrar essas ervas de uma só vez, porque isso pode levantar suspeitas sobre você. Vou lhe dar uma certa quantidade de ervas. A cada dois dias você coloque um pouco dessas ervas na comida dela. Para garantir que ninguém suspeite de você, deve ter muita preocupação com relação a sua atitude. Finja ser amiga dela, não a desrespeite, não polemize, nem conteste qualquer coisa que ela fale. Siga minhas instruções que garanto ajudá-la a resolver seus problemas. 

A jovem garantiu ao feiticeiro que seguiria à risca suas instruções. Passado algum tempo e, sistematicamente, Jing colocava um pouquinho de ervas na comida da sogra, e para evitar quaisquer suspeitas tratava muito bem a sua sogra, tal qual u´a mãe. 

Passados alguns meses tudo o que envolvia a convivência entre as duas havia serenado significativamente. Jing, mantinha-se calma, nada a desagradava, e nos últimos tempos não havia nenhuma briga ou desentendimento com a sogra. Esta, por sua vez, tratava a nora com afeto e cortesia. 

Um dia, Jing retornou à casa do feiticeiro e fez a ele um pedido: que a auxiliasse dando um medicamento que proporcionasse saúde a sogra. Que evitasse o mal que o veneno estava causando à sogra. 

O feiticeiro, muito contente, lhe disse: “ Minha filha…. fique tranqüila. As ervas que lhe dei não eram venenosas. Eram calmantes e auxiliares na melhoria da saúde de sua sogra. Você, com a mudança na sua atitude, proporcionou toda a modificação do ambiente da casa.” 
Quantas vezes o ambiente no qual estamos inseridos é o resultado do nosso bom ou mau humor, nossa intranqüilidade e má vontade? Pensemos nisso! 

Eurípedes Rodrigues dos Reis
Carpe Diem