"Louvado seja Deus por ser apenas um cão, que late sorrindo para guiar os cegos na contramão, protejo a casa, a fábrica, o negócio, assusto o ladrão, sou bom de briga, mas tenho bom coração.
Louvado seja Deus pela graça de conceder o sol diário no céu azul, a lua e as estrelas coruscantes na escuridão, a rua e as malocas para me agasalhar quando o vento frio sopra com o trovão, a tempestade é de doer, faz o pêlo arrepiar.
Louvado seja Deus pelo resto de comida do restaurante, pela dor de ouvir as bombinhas de São João, pelos chutes e as pancadas do homem mal, pelo incêndio que tentam me atear, pela carrocinha e a câmara de gás, pois não sabem o que fazem para me pegar.
Ó Criador da natureza, fazei de mim, humilde vira-latas, um cão bom para o homem de boa vontade, e jamais um cão mal, como aquele do soldado que tortura o preso iraquiano com visível crueldade.
Ó Criador das coisas visíveis e invisíveis, livrai-me das brigas dos cachorros, da fome terrível, da vivisseção, do abandono medonho, que deixam qualquer cão louco.
Fazei-me aceitar os tormentos do mundo passageiro e doloroso, latindo, perdoando e sorrindo.
Que eu não morda senão para comer, que eu não lata senão para avisar e defender o meu dono de todo mal, agora e na hora da morte, amém!!!!!"
(José Fiori
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